Liberne – histórias dos montes baldios

14,00 

Liberne é um hino à vida simples, à vida em comunidade, à beleza e à harmonia da vida humana com a natureza, inspirado nas identidades culturais dos montes baldios do Alto Minho e do Norte de Portugal.

Quando Liberne escava no húmus da cosmovisão das sociedades comunitárias e traz à superfície o impacto da sua herança ao longo da história, não podia deixar de suscitar questionamentos próprios da nossa época e que agudizam as contradições culturais, antropológicas, sociológicas e psicológicas, quer de um passado recente quer da nossa contemporaneidade. Inspirados nas identidades culturais das serras e montes baldios do Alto Minho e do Norte de Portugal, os sete contos que formam o livro revelam no entanto um carácter mais universalista do que regionalista ao colocarem as personagens numa permanente tensão entre o legado e o perdido, entre a criação e a destruição, entre o transcendente e o imanente, enfim, entre o querer ser e o devir do tempo com o seu inexorável fluir. Estas narrativas, tantas vezes densas e outras tantas leves, não se enquadram nem num estilo narrativo unívoco nem estagnam numa dimensão temporal plana e fixa, perfazendo antes um arco temporal que abrange tanto histórias passadas num tempo remoto, como narradas a partir da contemporaneidade, ou até mesmo contadas na linha de um tempo futuro e distópico. Para lá de tudo isso, Liberne é um hino à vida simples, à vida em comunidade, à beleza e à harmonia da vida humana com a natureza”.

A primeira carcaça foi encontrada decapitada e a cabeça do ciborgue nunca foi descoberta. O crânio nunca apareceu, mas os vestígios deixados no lugar onde se deu o encontro fatal revelaram que a cabeça rebolou pela ribanceira, ganhando balanço devido à inclinação do talude onde o destino lhe ditou a sorte. À medida que rolava pelo barranco, misturando-se com as urzes e o tojo, impregnando-se de terra e de insectos, sentindo ainda nos orifícios metálicos o odor das giestas bravas, o crânio foi parar ao carreiro, continuando a rebolar dezenas de metros, esquivando-se sempre a sair da serventia, fincada pelos pés dos humanos, fincada pela memória de pastores e pastoras, fincada ao longo de séculos por gerações atrás de gerações e cujo rastro nem a chuva nem o vento nem o estio apagaram, nem mesmo o abandono do que não torna a vir face ao inelutável avanço do tempo(…)”, excerto in “Guardião”.

PÁGINAS

160

EDITORA

Livros Flauta de luz

TÍTULO ORIGINAL

Liberne – Histórias dos montes baldios

FORMATO

15 x 21 cm

1.ª EDIÇÃO

2025

AUTOR

Júlio do Carmo Gomes